Compromisso e seriedade: Um discurso vazio

Recentemente (28/02/2011) o prefeito de Fernando Pedroza destacou o compromisso e a seriedade de sua gestão em uma entrevista concedida a Aclecivam.

Na entrevista duas palavras me chamaram a atenção: “compromisso” e “seriedade”. O que essas palavras tem a nos dizer sobre uma gestão pública municipal?

De acordo com o dicionário digital Aulete, compromisso significa ajuste pelo qual pessoas assumem certas obrigações recíprocas. E seriedade refere-se a inteireza e coerência de propósitos. Vamos analisar o discurso do prefeito tomando o sentido das palavras compromisso e seriedade.

Se tomarmos compromisso como obrigação, então todos os prefeitos tem compromissos. Porém, é possível que nem todos tenham inteireza e coerência de propósitos. Um prefeito tem compromisso com o cidadão, e o Estado, e além destes, compromissos com financiadores e apoiadores de campanha, sendo os últimos estranhos a gestão pública.

Quando o prefeito de Fernando Pedroza diz que sua gestão está baseada no compromisso e na seriedade ele está querendo mostrar que é um bom prefeito, que trabalha, sobretudo, pela melhoria da qualidade de vida dos fernando-pedrozenses. É possível, no entanto, duvidarmos da seriedade apresentada quando se observa alguns aspectos da gestão municipal.

Aprendemos que toda ação tem uma intencionalidade, ou melhor, tem um propósito. E deve ser propósito de um prefeito agir de modo a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, criar ou assegurar espaços para a participação dos cidadãos na definição de políticas públicas, promover o desenvolvimento municipal, garantir a qualidade ambiental, entre outros.

Destacar o simples ato de construir é olhar apenas para um dos múltiplos aspectos a ser observados. Tomemos como exemplo a construção de uma quadra de esporte no bairro Miguel Trindade (conhecido como Alto Santa Luzia) conforme é descrita nas fotos seguintes.

As fotos é a prova de que a quadra foi construída, mas também nos releva outro aspecto a ser observado na construção, a “qualidade”. Na primeira foto observamos o contexto: localização, acessibilidade, aparência. E a segunda foto o destaque é à qualidade do piso da quadra, que mesmo antes de ser concluída já estava se degradando. Nesse caso onde está a seriedade? Com quem foi o compromisso?

Uma construção de qualidade inferior consome muita energia, insumo, matéria-prima, e recursos financeiros (público). Recurso destinado a empresa contratada, ao comércio … . Quando isso acontece o cidadão perde duas vezes – perde o produto do investimento e o dinheiro usado no empreendimento.

É claro que podemos discutir muitos outros aspectos considerando apenas essa ação de construir. No entanto não iremos nos estender. Todavia, ficamos na dúvida quanto a seriedade da gestão em discussão, tendo em vista que há uma contradição entre os propósitos e o objeto pensado – no exemplo a quadra. Poderíamos utilizar muitos outros exemplos para expressar nossas dúvidas, porém esse é suficiente.