CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA DE FERNANDO PEDROZA

Texto apresentado ao Ms. José Romero Araújo Cardoso, professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, para obtenção da terceira nota da disciplina Geografia Agrária.

Estamos disponibilizando parte do trabalho

3. UMA AGRICULTURA DE CONTRASTE
3.1 Homens que amam a terra

Em Fernando Pedroza na Estação chuvosa, período de fevereiro a junho, os agricultores preparam seus roçados a fim de plantar o feijão e o milho, principais culturas agrícolas local. Até mesmo os agricultores aposentados e os que moram na zona urbana, nesse período se angustiam, quando dá a primeira chuva e não podem plantar por não possuir a posse da terra. Pois dependem dos grandes proprietários de terra para semearem, por meio da parceria. Ao olhar nos olhos desses agricultores vê-se estampado nos seus rostos a vontade de estar em contato com a terra, cuidando da lavoura, acompanhando o seu desenvolvimento, para eles esse momento é como uma festa, proporciona-lhes diversão, prazer, alegria. Plantam não para obterem lucro com a lavoura mas para colherem o sustento para os 365 dias do ano.

Mesmo com a incerteza de que as chuvas serão regulares, eles preferem arriscar. Enfrentam o calor causticante do sertão, mas não desistem. Apesar de não possuírem a posse da terra, não deixam de, no último mês do ano, acompanharem as condições de tempo, seja pela televisão, seja na própria cidade, a cada noite registram na memória a ocorrência e direção dos relâmpagos. E nutrem com as observações a esperança de ter um bom inverno. Quando alguém vem com uma mensagem contrária dizendo que o ano será seco ou que as chuvas serão irregulares logo respondem: "dizem os mais antigos que quando os homens quiserem saber mais do que Deus Ele muda os tempos". E assim desacreditam da meteorologia. Existem no município, de acordo com o INCRA/FAO (2000), 480 desses trabalhadores. Sendo que 363 são agricultores familiares, 41 trabalham em parceria, 26 são empregados permanentes e outros 50 ora trabalham, ora estão parados.

3.2 Marcas que mancham

A baixa produtividade é outra caractéristica da agricultura municipal. O milho apresenta produtividade de 300 kg/ha e o feijão macassá 300 kg/ha. Se comparada com outras localidades como, por exemplo, o Paraná que produz em média 5.000kg/ha, veremos que essa é uma produtividade muito pequena. E que as causas não são apenas climáticas, mas também falta de planejamento e de uso de tecnologias.

Os agricultores praticamente não possuem assistência técnica. Especialmente os que mais produzem, os agricultores familiares. Cerca de 1,2% desses estabelecimentos possuem assistência técnica, os demais utilizam a experiência e a sorte para garantir a lavoura. Além da falta de assistência técnica os agricultores familiares não contam com a energia elétrica em seus estabelecimentos. Aproximadamente 92% dos camponeses não tem acesso a esse serviço. Apesar de que, os agricultores patronais vivem em situação ligeiramente melhor, 32,2% são beneficiados com esse serviço.

A concentração da terra é outra característica que marca a agricultura local. A distribuição injusta das terras agrícolas do município revolta os agricultores destituídos da terra, mas que amam o trabalho rural. No município o número de estabelecimentos familiares é 2,6 vezes maior que os patronais. No entanto ocupam uma área 5,3 vezes menor. Apesar de possuírem área menor, os agricultores familiares produzem R$ 24,46/ha contra R$ 13,12/ha dos patronais.

Quando se observa a estrutura fundiária a concentração torna-se mais acentuada. 61% dos estabelecimentos familiares possuem áreas inferiores a 5 ha. Enquanto 12,2% possuem áreas superiores a 100 ha. Dos 82 estabelecimentos familiares apenas 37,8% possuem a posse da terra e 41% são posseiros. Esses ocupam uma área média de 2,2 ha.

A baixa produtividade, a falta de assistência técnica e a concentração de terras são características que marcam a agricultura local.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O município de Fernando Pedroza possui 116 estabelecimentos agrícolas, que apresentam alguns contrastes prejudiciais ao desenvolvimento agrícola, tais como, baixa produtividade, desigual distribuição de terras, poucos se apropriando de muita terra, muitos apropriando-se de pouca terra, e outros não tendo nada para produzir. Além disso, falta orientações técnicas, especialmente, ao pequeno produtor.

Diante disso conclui-se que o mais urgente e necessário a se fazer é a elaboração de um plano municipal que promova o desenvolvimento agrícola e reduza os contrastes aqui apresentados.

5. BIBLIOGRAFIA

INCRA/FAO. Novo retrato da agricultura familiar: O Brasil redescoberto. Brasília: INCRA/FAO, fevereiro de 2000. . acesso em: 13 de maio. 2006.

GLOBO RURAL. São Paulo: Editora Globo S.A. nº 249. julho de 2006.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A agricultura Camponesa no Brasil. 4. ed. São Paulo/SP: Contexto, 2001.

Comentários

rildene disse…
gostei muito desse arquivo infelizmente em todos os aspectos a desigualdade existe, e quemmais sentem essa desigualdade são as pessoas menos favorecidas; seja de dinheiro, de terra e principalmente de conhecimento.
vlw hudson retratou muito bem a situação

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