Gratidão e Esperança: duas forças que mobilizam os eleitores a escolherem seus candidatos

Observando o contexto político no município de Fernando Pedroza/RN percebemos dois grupos de eleitores: o grato e o esperançoso. O primeiro vota pela manutenção dos “benfeitores” no poder e o segundo escolhe seus candidatos com esperança na renovação do “poder”.

A gratidão é um sentimento que obriga o agradecido a retribuir o favor recebido. No caso do eleitor fernando-pedrozense muitos são os favores que os fazem sentirem-se obrigados a retribuírem.

Num município de economia pobre, serviços públicos deficientes e elevado nível de pobreza, com indivíduos sem condições de garantir o próprio sustento, as condições para manutenção do poder são favoráveis.

Num contexto como esse tudo leva o eleitor a sentir-se obrigado a retribuir o “benfeitor”. A restauração de uma cozinha, o pagamento da água e luz, um emprego com salário equivalente a metade do mínimo, uma consulta médica, uma viagem em condições desumana em uma ambulância, uma grade de cerveja, entre tantas outras que prendem o eleitor pela gratidão ao candidato.

Podemos incluir a exploração da gratidão como uma das estratégias usadas pelas lideranças locais na manutenção do poder. Para isso alguns serviços públicos são mais valorizados do que outros. Com destaque para os serviços de saúde e assistência social. A lógica consiste em dificultar o acesso aos serviços públicos para que o cidadão-eleitor busque um dos líderes eleito estrategicamente para despertar no cidadão-eleitor o sentimento de gratidão.

A dificuldade imposta ao cidadão-eleitor de ter acesso livre aos serviços públicos de direito e a prontidão do líder político em resolver o problema é que desperta no eleitor o sentimento de gratidão. Dessa forma cria-se as condições favoráveis a manutenção do poder.

Por outro lado, apesar do número ser inferior, há cidadãos-eleitores que reagem de modo diferente aos obstáculos impostos para acesso aos serviços públicos. Nesses o sentimento despertado não é o de gratidão, mas sim de revolta. E depositam em um personagem político a esperança de poder usufruir livremente os bens públicos.

Diferentemente da gratidão a esperança do cidadão-eleitor e menos duradoura. Sobretudo após sucessivas frustrações. E, no nosso entendimento, é mais fácil despertar a gratidão do esperançoso do que a esperança no cidadão-eleitor grato.

Para os que pretendem concorrer ao executivo municipal surgem algumas perguntas: é possível ampliar o grupo dos eleitores esperançosos? Se, como? …